Ocupação da Terra e o Cercamento Sagrado

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A ocupação de terras, nos termos mais simples, é o ato de obter terras e torná-las sagradas. É no ato de tomar terras que o espaço mundano se torna separado, fechado e, portanto, torna-se sagrado — um innanġeard.

O método de fato usado para designar o espaço sacro em toda a esfera indo-europeia é através de alguma forma de circunvolução, andar em círculo em torno da terra (quase sempre no sentido horário). A circum-ambulação vem do latim "Circum", que significa "ao redor" e "ambulatus", que significa "andar". É através dessa circum-ambulação que um espaço fechado é criado. Este espaço é criado com a intenção de afastar o selvagem, o ūtanġeard e aquelas coisas caóticas que habitam lá. 

Circum-ambulação como um meio de tomada de terras ocorreu em toda a Europa e continuou até a era cristã, embora um pouco alterada de sua forma original. Existem quatro métodos principais que foram mais comumente usados pelos nossos ancestrais como um meio de tomar um espaço das florestas; demarcação pelo fogo, sulcando com um arado puxado por bois ou cavalos, montando um boi ou um cavalo em torno do perímetro do espaço em questão e o uso de marcadores de limite (fita, postes/vigas) para mapear a área sagrada. 

Tem havido várias teorias propostas sobre por que cavalos e bois figuram tão predominantemente nesses ritos de tomada de terras. Na cultura celta e germânica, o cavalo desempenha o papel de psicopompo, um canal para o Outro mundo e pode ser usado para afastar criaturas maléficas que possam habitar um lugar. É por esta razão também que os cavalos foram o sacrifício habitual durante os ritos funerários germânicos e foram usados quase exclusivamente como um meio para alcançar o submundo na mitologia nórdica. Embora os bois desempenhem um papel menor do que os psicopompos, eles têm conexão com os deuses e com o ritual sagrado. Na Germânia, Tácito se refere ao fato de o vagão de Nerthus ser puxado por duas novilhas brancas e o relato de Plínio, o Velho, na História Natural faz referência a dois touros brancos sendo usados no "ritual celta do carvalho e do visco". 

Um bom rito quando mudar-se ou iniciar os cultos heathens em determinado local é pegar um pouco da terra de onde ancestrais queridos foram enterrados, e os colocar nos quatro cantos da propriedade (terreno, quintal, fazenda, etc.) pronunciando alguma espécie de canto ritual ou palavras com concentração de devoção. 

O espaço selvagem, o ūtanġeard, representa o caos primordial, o que existia antes da criação do cosmos. O ato de cercar e rodear imita o comportamento dos deuses, criando a ordem do caos. Quando o lugar selvagem é tornado cósmico, os malefícios são afastados e o espaço pode então ser reabitado com potências benéficas — aqueles poderes numinosos que se conformam às leis do innanġeard

Fontes

Larhus Fyrnsida, Land taking and sacral enclosure. <https://larhusfyrnsida.com/land-taking-and-the-sacral-enclosure/>
Erik Lacharity, The role and responsabilities of Hêmahêto. <http://minhemo.blogspot.com/2014/09/the-role-and-responsibilities-of.html>

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