Wōden

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(Clique no player para ouvir uma pronúncia reconstruída do nome)



Significado do nome: Wōden é uma simplificação do nome original "Ƿōꝺen". Provém do inglês antigo, 'wōd', que significa 'fúria' ou 'loucura'. Literalmente 'Furioso'.

Pronúncia: Fala-se algo parecido com 'Uôden', com o 'ô' pronunciado de maneira similar ao "ô" em "vô", mas com mais duração.

Outros Nomes: Identificado como Oðinn (nórdico antigo), Wuotan (alto alemão antigo), Wodan (saxão antigo), Wēda (frísio antigo), Wuodan (antigo baixo fracônio) e outras variantes regionais. Wōden tem uma das maiores coleções de epítetos, nomes e kenningar de todos os deuses germânicos.

Função: Wōden é um deus da soberania, liderança e conhecimento oculto (como percebe-se nos seus trabalhos no Encantamento das Nove Ervas). Ele é a personificação da fúria divina, da loucura, do andarilho, da guerra, da morte e dos mortos, do sacrifício e da violência, um líder de uma tropa de guerreiros vorazes e extáticos. Tacitus associou Wōden com o Mercurius romano, que era uma divindade errante, bem como um psicopompo que levaria almas ao submundo. Wōden lidera a Caçada Selvagem durante o período liminar do ano, cavalgando à frente de suas hordas durante o tempo sombrio. Na mitologia nórdica, diz-se que as valkyrjur de Oðinn levam as almas dos mortos em batalha. Não está claro se uma wælcyrġe da cultura em inglês antigo tem uma relação semelhante com Wōden, dado que elas são retratadas como bruxas ladras de cadáveres, mas é provável que seja.

Wōden é um deus da liminalidade, já que ele é o Andarilho. Ele atravessa os mundos ao seu bel-prazer, rompendo as barreiras entre eles com facilidade, em um esforço para obter conhecimento, ou transportar os mortos dos montes ou locais de enterro para seus próprios fins no Outromundo (Otherworld). Jane Crawford acredita que as mulheres condenadas por "contato com o Diabo" em encruzilhadas eram possivelmente uma permanência pós-cristã de cultos a Wōden na antiga Inglaterra anglo-saxã,

"O tema do pacto com o diabo na bruxaria originou-se no Oriente, mas não recebeu uma ampla e difundida prática nos escritos ingleses por algum tempo. Ælfric não registra nada que sugira que essas mulheres que ele pintou praticaram as artes negras. Ele descreve sume gewitlease wif ["algumas mulheres sem mente, em espírito, sem sentimentos"] que comprometem a si mesmas e aos seus filhos para o diabo æt wega gelætum 'em encontros de caminho (encruzilhadas)', mas em suas palavras não há nada que indique que ela era uma satanista dando seu filho como aprentiz para o seu 'Mestre '. Ela talvez mantendo viva, talvez inconscientemente e supersticiosamente, um velho costume ligado à adoração de Woden, para quem os presentes eram oferecidos nas encruzilhadas. Assim também a memória de um costume semelhante é preservada em poucas linhas adicionadas a uma versão dos chamados 'Cânones promulgados sob o rei Edgar'. Estes acrescentam a proibições contra a adoração de árvores e pedras:

 ... þone deofles cræft. ær man þa cild þurh þa eorþan tihþ.essa prática pagã [literalmente "diabólica"], onde se atraem crianças através da terra"  [1]. 

É bem provável que isso seja real, dada a característica liminar da contraparte nórdica Óðinn, associado à arvore eixo do mundo (Yggdrasil) e o cavalo de oito patas Sleipnir (*Slīepescōh), ambos potentes elementos que associam Wōden com o transe, o êxtase e a viagem entre os mundos, o entendimento, que são possíveis na ou graças a trabalhos com Wōden através da encruzilhada.

Como um deus de conhecimento avançado, ele é um mago — e, portanto, está associado à profecia. Sua parceria com Frīġ, que conhece e trabalha com o destino, complementa esse papel. Ele é um criador de reis, e um destruidor, e marca seus sacrifícios com uma lança atirada.


Iconografia: é uma teoria comum que as imagens de homens com chifres, que usam lanças encontradas em vários artefatos anglo-saxões (fivela de Finglesham) representam Wōden, ou um devoto de seu culto. Os pingentes de lança do século V encontrados em Kent também podem ter sido usados pelos devotos de Wōden. Wōden é comumente associado com aves necrófagas (corvos e águias), lobos, cachorros escuros (em imagens posteriores da Caçada Selvagem) e a lança. Wōden também foi pensado como tendo sido retratado como uma deidade com chifres.

(Fivela de Finglesham)

Fontes Atestadas: Wōden está listado nas genealogias reais, Maxims I do Exeter Book, Encantamento das Nove Ervas, vários nomes de lugares em toda a Inglaterra (Wednesbury, Wednesfield, Wansdyke etc.) e na quarta-feira moderna em inglês (Wednesday). Ele também pode ter sido indiretamente referenciado no na runa "ōs" no poema rúnico anglo-saxão e como o "Gigante Mercurius" em Salomão e Saturno.

Interpretatio Romana: Tacitus relata que as tribos germânicas adoraram Mercurius, que compartilha uma série de qualidades e papéis com Wōden. Essa interpretação era verdadeira ao longo do período antigo da antiguidade, potencialmente dando associações de Wōden em coisas como Salomão e Saturno, acima.

Bīnaman contemporâneos (sugeridos pelo Lārhūs Fyrnsida): Hygeferigend (Carregador de Espíritos), Pæþwyrhta (Criador de Caminhos), Wordsāwere (Semeador de Palavras), Wihtferiend (Semeador de Wihta), Lǣce (Curandeiro), Ādrysendlīc (Insaciável, Inextinguível), Wēstend (Destruidor, Desolador).

(Réplica da estátua de Wōden no Templo dos Deuses Saxões, Stowe House, Buckinghamshire, Inglaterra)




Fontes:


Evidences for witchcraft in Anglo-Saxon England, Jane Crawford. <http://tikaboo.com/library/Evidences_for_witchcraft_in_anglo-saxon_england.pdf>
Wōden Lārhūs Fyrnsida. <https://larhusfyrnsida.com/fundamentals/godu/woden/>
 

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